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Confissão de um Ex-Viciado em Automação

Vamos direto ao ponto: a promessa da automação em vendas brilha como ouro. Apertar um botão e magicamente encher a agenda de reuniões qualificadas? Quem não quer? Eu certamente quis. E, por um tempo, achei que tinha encontrado o Santo Graal da prospecção. Configurei ferramentas, criei cadências, e me senti o próprio gênio da produtividade disparando centenas de convites e mensagens "personalizadas" (leia-se: com o nome da pessoa e da empresa inseridos por uma tag).

Spoiler: Eu não era um gênio. Eu era uma máquina eficiente de irritar pessoas em escala industrial.

A Era das Trevas: O Culto ao Volume

Minha rotina era uma ode à quantidade. O importante era o número de "contatos" feitos por dia. A qualidade? Um luxo que eu achava que não podia me permitir. Eu alimentava as ferramentas com listas e mais listas, muitas vezes sem sequer verificar se o cargo ou a empresa faziam sentido. As mensagens eram aquelas coisas genéricas que todo mundo odeia receber: "Vi seu perfil e adoraria conectar", seguido por um pitch disfarçado no segundo seguinte à conexão.

O resultado? Taxas de resposta baixíssimas. Conexões aceitas, mas que viravam "fantasmas". Reuniões (as poucas que aconteciam) com gente completamente fora do perfil ideal. Eu estava ocupado, muito ocupado. Mas estava produzindo quase nada de valor real. Era o famoso "correr muito para chegar a lugar nenhum". No fundo, eu estava apenas automatizando a minha própria irrelevância.

O Despertar (Doloroso) para a Realidade

A ficha começou a cair devagar. Primeiro, com a frustração de ver tanto esforço (sim, configurar e gerenciar automação DÁ trabalho) gerar resultados pífios. Depois, ao receber alguns feedbacks diretos (e nada gentis) sobre minhas abordagens robóticas. O golpe final foi perceber que eu passava mais tempo tentando "otimizar a máquina" do que entendendo o problema do meu cliente. Eu estava focando na ferramenta, não na pessoa. Estava otimizando a preguiça, não a prospecção.

A Virada: Menos Ferramenta, Mais Cérebro (e Trabalho Duro)

Decidi fazer o impensável para o meu antigo eu: pisei no freio. Reduzi drasticamente o volume. Desliguei boa parte das automações que só serviam para enviar mensagens genéricas. E comecei a fazer o trabalho "chato" que eu evitava:

  • Pesquisa DE VERDADE: Gastar tempo no perfil da pessoa, no site da empresa, em notícias recentes. Entender o contexto DELA, não o meu umbigo.

  • Personalização REAL: Usar a pesquisa para criar mensagens que mostrassem que eu fiz minha lição de casa. Um comentário sobre um post, uma pergunta sobre um desafio do setor, algo que criasse uma conexão genuína.

  • Foco no Contato Certo: Priorizar quem realmente tinha potencial, em vez de atirar para todo lado.

Foi fácil? Não. Exigiu mais tempo por prospect? Sim. Parecia menos "produtivo" no início? Com certeza. Mas era o trabalho que precisava ser feito. Era trocar a ilusão da quantidade pela realidade da qualidade.

E o Resultado? Adivinha...

As taxas de aceitação de convites melhoraram significativamente. As respostas se tornaram mais frequentes e... pasme... positivas! As reuniões marcadas eram com leads muito mais qualificados, resultando em ciclos de venda mais curtos e taxas de fechamento maiores. Troquei a ansiedade dos números vazios pela confiança gerada em conversas de valor. Menos volume, MUITO mais resultado. Chocante, né?

Conclusão e a Dica Ranzinza Final

A tecnologia e a automação são ferramentas incríveis quando usadas para apoiar o processo de vendas, não para substituir a inteligência e a conexão humana. A busca incessante por atalhos e volume a qualquer custo é, na maioria das vezes, um caminho rápido para a irrelevância e a frustração.

Dica Ranzinza Final: Pare de tratar seus prospects como números numa planilha ou alvos numa ferramenta de automação. São pessoas. Dedique tempo para entendê-las antes de interrompê-las. Se você não está disposto a fazer o trabalho duro da pesquisa e personalização, talvez vendas não seja para você. Ou talvez você só precise de um pouco mais de vergonha na cara e menos preguiça.

E você? Já viveu essa montanha-russa da automação? Qual foi sua experiência ao buscar o equilíbrio entre tecnologia e toque humano na prospecção? Compartilhe sua história (ou seu desabafo) respondendo essa mensagem!